Acessibilidade na web: inclusão que gera negócios
Marco Antonio de Queiroz
"Um dia, no aniversário de uma amiga, comprei um livro e o enviei depresente sem sair de minha cadeira em frente ao micro. A amiga recebeuo presente em casa, telefonou agradecendo e dizendo que eu nãoprecisava me preocupar e ter tanto trabalho em deslocar alguém parafazer o que fiz. Disse-lhe que eu tinha feito tudo sozinho e elacomeçou a chorar. Para não estragar a emoção dela com "todo o trabalhoque tive", calei-me, sem contar que não necessitei me deslocar comminha bengala até a livraria e muito menos tinha ido ao correio. Mas,lá do fundo, minha emoção veio brotando, ao ter a sensação de que euestava, graças à internet, me tornando um sujeito mais comum."
Esta história aconteceu em 1999, e é contada pelo Marco Antonio deQueirós, o MAQ, cego e especialista em acessibilidade na Web. Esteconceito, que aos poucos começa a ser mais difundido, é amatéria-prima com que trabalha a equipe da Acesso Digital, um grupo deestudo e pesquisa formado por consultores com diversas experiências demercado, formação e vida - MAQ entre eles. Juntos, trabalham paramelhorar o acesso à Tecnologia da Informação, partindo da premissa deque, no Brasil, as empresas - salvo as exceções de praxe - nãoreconhecem o valor da acessibilidade nem da usabilidade. Em geral,priorizam os investimentos em campanhas publicitárias que façam oproduto 'parecer' fácil, em vez de torná-lo realmente acessível.
Visão estratégica de mercado
A acessibilidade no desenvolvimento de sites é hoje uma ferramenta demercado que aumenta potencialmente o público que pode chegar até oproduto disponível, seja mercadoria ou informação. Não é umaconcessão, um ato de boa vontade para com usuários com necessidadesespecíficas: é uma visão estratégica. Imagine o site de uma loja ou deum banco construídos sem a acessibilidade adequada: uma pessoa comdeficiência visual ou com qualquer tipo de dificuldade motora -potenciais clientes estarão automaticamente excluídos. E o que dizerdos sites de serviços públicos?
Provavelmente, os excluídos se sentirão, também, menos cidadãos. Parademonstrar as barreiras virtuais de sites criados sem a preocupação detornar seu conteúdo acessível, e as possíveis soluções para osproblemas, a equipe da Acesso Digital promove, no dia 24 de maio de2007, o lançamento do vídeo "Acessibilidade web: custo ou benefício?",seguido de uma mesa-redonda com especialistas no assunto. Em debate,temas como legislação brasileira, diretrizes internacionais deacessibilidade, tecnologias assistivas, dispositivos móveis,arquitetura de informação, e-commerce, mercado nacional eoportunidades de negócios.
Horácio, Lêda Lucia e MAQ fazem a Acesso Digital (http://acessodigital.net ),que conta ainda com Bruno Torres (http://brunotorres.net )e Frederick Van Amstel (www.usabilidoido.com)como colaboradores.
Acesso Digital:
Horácio Pastor Soares, especialista em design de interface e acessibilidade digital; consultor em projetos Web da Unisys;professor universitário e editor do sitehttp://internativa.com.br ,
onde escreve sobre criatividade e acessibilidade digital.
Lêda Lucia Spelta é psicóloga e analista de sistemas da Dataprev; foiuma das primeiras pessoas cegas a trabalhar com informática no Rio deJaneiro; coordenou a elaboração da Grafia Braille para a Informática;participa do Comitê de Ajudas Técnicas e da Comissão de EstudosCE-04/CB-40/ABNT, que elabora propostas de normas sobre"Acessibilidade para a Inclusão Digital".
MAQ - Marco Antonio de Queiroz, é consultor especialista emacessibilidade digital do Centro de Vida Independente Araci Nallin(CVI AN) e da "Click Maujor" ; dá cursos e palestras sobre linguagemHTML e acessibilidade Web para empresas no Brasil; desenvolveu aversão em língua portuguesa das Diretrizes Irlandesas deAcessibilidade na WEB; criador do sitewww.bengalalegal.com ,escritore deficiente visual total.
Serviço:Lançamento do vídeo "Acessibilidade Web: custo ou benefício?" emesa-redonda sobre o tema. (conheça o trailler do vídeo, que estádisponível emhttp://www.youtube.com/watch?v=zNVrNo7MxsA ,ou faça odownload emhttp://acessodigital.net .
Data e hora: 24 de maio de 2007, às 19h.Local: Auditório do SENAC RIO - Rua Santa Luzia, 735 - 7º andar -Centro - Rio de Janeiro - Brasil.Dica: próximo ao Metrô Cinelândia, saída Av. Rio Branco.Informação: o local tem acessibilidade para pessoas com deficiência.Apoio: Seprorj, Sebrae e Senac.
Convidados da mesa-redonda:
Bruno Rodrigues - consultor de informação para mídia digital. Autordo livro "Webwriting Redação & Informação para Web".
Everaldo Bechara - coordenador acadêmico do Centro de treinamentoIlearn. Pioneiro no Brasil em ministrar cursos de Formação WebStandards.
Fábio Gameleira - gerente da Divisão de Processos de Software daDataprev - Criador da primeira cartilha de Acessibilidade Webbrasileira.
Maurício Sami e Silva - Maujor - desenvolvedor do site "CSS para WebDesign" - referência nacional em Padrões do W3C.
Miriam Simofusa - designer e consultora em acessibilidade do SerproBrasília; facilitadora do Grupo de Trabalho "Acessibilidade de Páginasna Web" (CE-04/CB-40/ABNT).
Sérgio Carvalho - Sócio-diretor e coordenador de experiência dousuário da Sirius Imperativa.
Simone Bacellar Leal Ferreira - Professora do Departamento deInformática Aplicada da UNIRIO- Trabalhos em Acessibilidade, emespecial "Panorama da Acessibilidade na Web Brasileira".
Assessoria de Imprensa:Eliane Camolesicontatos:(21)8165-6873 ecamoles@uol.com.br.
Bengala Legal - Cegos, Inclusão e Acessibilidade: www.bengalalegal.com
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Primeira postagem
Ler devia ser proibido!
A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incómodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova. Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna colectivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.
Guiomar de Grammon
FONTE: http://www.trt05.gov.br/trt5new/areas/ddrh/LER_DEVIA_SER_PROIBIDO.doc
A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incómodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova. Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna colectivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.
Guiomar de Grammon
FONTE: http://www.trt05.gov.br/trt5new/areas/ddrh/LER_DEVIA_SER_PROIBIDO.doc
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